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Fundação se prepara para mais uma edição da SNCT em território nacional, de 17 a 20 de outubro

Por Déborah Araujo

Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável. O tema da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), escolhido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), vai ao encontro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) promovidos pela Organização das Nações Unidas. Na prática, os ODS são um apelo global para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, bem como garantir qualidade de vida a todas as pessoas.

Em sua 20ª SNCT, a Fiocruz trará mais de 100 atividades para popularização das ciências básicas, que explicam o funcionamento do planeta, dos seres e das dinâmicas biológicas, sociais e culturais entre humanos.

“As ciências básicas respondem às perguntas mais fundamentais sobre o universo, os seres vivos e a sociedade. São exatamente as ciências básicas que formam muito do arcabouço e do conhecimento que é transformado de fato nas ciências aplicadas ao dia a dia das pessoas, em particular para o desenvolvimento sustentável”, explica o pesquisador Diego Bevilaqua, vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz (COC) e um dos integrantes do GT Executivo da SNCT na Fiocruz.

Um exemplo dessa transposição das ciências básicas para as ciências aplicadas é o estudo de bactérias, como a recente pesquisa financiada pela Fiocruz sobre o método Wolbachia no combate a arboviroses, como a dengue, a Zika e a Chikungunya. “É o estudo de uma bactéria que, quando inoculada no mosquito Aedes aegypti fêmea, faz com que esse mosquito deixe de transmitir o vírus da dengue, e é um processo que não traz nenhum prejuízo ao meio ambiente”, detalha Bevilaqua. “É um processo ecologicamente sustentável. E o conhecimento sobre o Aedes aegypti permite um melhor controle ambiental do mosquito sem que isso traga danos ao entorno.”

Estado de alerta para alcançar os ODS

Em meados de 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a campanha mundial de comunicação #AjaAgora, de forma a sensibilizar que os países tenham ambição no cumprimento dos ODS. “Pela primeira vez em décadas, o progresso rumo ao desenvolvimento estagnou e até se inverteu sob o peso combinado de desastres climáticos, conflitos, recessão econômica e as consequências persistentes da Covid-19. No ritmo atual, o mundo pode não atingir muitas das metas dos ODS até 2030”, segundo nota emitida pela UNO Brasil.

Para a Fiocruz, a pauta da 20ª SNCT é fundamental neste momento atual de Brasil e de mundo. “Estamos chegando em um estágio de conjunto de desafios globais, sobre o qual muitas pessoas caracterizam como de não retorno em termos de uma série de bioindicadores do planeta Terra que pode levar a uma degradação imensa da vida nos próximos anos. Por outro lado, a pandemia e certas pautas conservadoras internacionais fizeram com que diversos ODS enfrentassem retrocessos”, acrescenta Bevilaqua.

Além disso, o tema da 20ª SNCT também aponta a importância da transversalidade e da interdisciplinaridade nas ciências, tese defendida pelo vice-diretor. A perspectiva também é defendida por Cristiani Vieira Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz e coordenadora geral da SNCT na instituição. “Os ODS envolvem várias questões relacionadas ao bem-estar, à saúde, à dimensão da equidade de gênero, à redução da fome e da pobreza, em várias áreas. Para dar conta de resolver esses problemas complexos, precisamos de vários campos científicos”, ressalta.

Na visão de Machado sobre a área da saúde, a pesquisa básica é relevante para promover avanços na imunologia e na virologia, os quais depois contribuem para o desenvolvimento de vacinas, terapias e tratamentos que podem ser incorporados ao Sistema Único de Saúde.

Para que os serviços de saúde cheguem a toda a sociedade, são necessários conhecimentos em planejamento e gestão, em pesquisas clínicas, estudos sobre as dinâmicas sociais, questões sociológicas e culturais, entre outros.

“Todas as ciências e todos os campos do conhecimento são importantes. É necessário que haja investimento em todos eles, bem como uma ampla comunicação das ciências”, afirma Machado.